(Resenha) Piano Vermelho – Josh Malerman
Josh Malerman conquistou muitas pessoas com seu livro de estreia, Caixa de Pássaros. Uma história onde os personagens vivem vendados e com uma narrativa que nos envolve em um suspense eletrizante e medonho, desses que a gente não consegue largar. Resumindo, passei este novo livro do autor na frente de todos os outros sem dó nem piedade. #VemMonstro
Piano Vermelho segue essa linha e conta a história de uma banda que é chamada pelo exército americano para investigar um som que está enlouquecendo quem o escuta. Obviamente a expedição dá uma zica gigantesca e a partir daí acompanhamos duas narrativas, o que aconteceu durante essa procura e como Philip Tonka, o protagonista, sobreviveu a tudo isso após 6 meses em coma e ter todos os ossos do corpo triturados. O que seria esse som? O que aconteceu com o grupo? Essa é a pergunta que fica no ar durante a leitura.
Legal, não é verdade? O problema é que todo o conceito da história é jogado fora com uma trama que não faz sentido nenhum. Li Piano Vermelho em uma tacada só, o começo é realmente promissor e ganha o leitor com uma escrita gostosa e misteriosa. Porém, ao longo das páginas fiquei na esperança de que tudo teria uma explicação, um grande acontecimento, mas o que desenrola é uma grande bobagem. Todo o suspense prometido é substituído por um vai e vem de narrativas, que ao longo das 320 páginas vão ficando menos interessantes e fazendo cada vez menos sentido. Fui lendo na esperança de que tudo ia se redimir no final, mas foi ali que tudo ferrou de vez.
O suspense criado no início não se mantém, a história do som fica em segundo plano e nós acompanhamos Philip e os perigos que passa no hospital. Tudo bem, super válido, mas é muito repetitivo e os personagens não têm aprofundamento, tudo é muito repentino e o mais grave, sem uma conclusão plausível dentro de sua proposta, já que o autor aparentemente resolveu enfiar o pé na jaca e mandar a merda para o ventilador, de uma maneira na qual fica uma grande interrogação na nossa cabeça, afinal, sobre o que o livro falava? Realmente nada daquilo me ganhou e toda a expectativa de uma história com conclusão foda, foi por água abaixo.
Em Caixa de Pássaros, Josh deixou claro o quanto consegue desenvolver uma narrativa macabra descrevendo os sentimentos dos seus personagens. Usar os sentidos como uma forma de terror foi uma grande sacada e Piano Vermelho começou assim, tudo poderia ter seguido uma linha mais intimista, mas ele se perde tentando expandir a trama e misturando duas narrativas que apesar de se conectarem, são totalmente contradizentes. É como se tivéssemos lido dois livros diferentes, que de alguma forma se misturaram e por mais que fizessem algum sentido no início, se perdem ao longo das páginas. É uma trama que levanta milhões de possibilidades e escolhe seguir a mais fraca delas.
Talvez se tivesse seguido a linha do suspense e explorado melhor algo que o autor demonstrou saber fazer, os sentidos, Piano Vermelho tivesse um outro resultado. É um livro que começa eletrizante e de certa forma mantém essa característica, mas nada ali faz sentido ou tem uma explicação que me fizesse comprar essa história. Quando li o último capítulo, tudo o que senti foi uma amarga decepção, afinal, todo o início dessa trama louca levava a crer que um suspense/terror muito do caralho estava por vir… e não veio. Este foi o verdadeiro problema do livro para mim, levantar questões e teorias que não só não se concretizam, mas que ficam muito aquém de todo seu potencial. Poxa, Josh! 🙁
Piano Vermelho
Black Mad Wheel
NÚMERO DE PÁGINAS: 320
EDITORA: Intrínseca
ANO: 2017